Uma boa obra de arquitetura

Depois da coluna de junho, acho necessário resgatar o propósito deste espaço me dedicando mais a arquitetura. Como talvez tenha me distanciado um pouco do tema, vale a pena considera-lo a partir de conceitos clássicos que conduziram e influenciaram a Arquitetura desde o Renascimento até a Arquitetura Moderna, e mesmo ainda hoje em dia.
Falo dos conceitos defendidos pelo arquiteto romano Marcus Vitruvius Pollio, no primeiro século antes de Cristo, que definiu como base para a arquitetura os princípios Utilitas (utilidades), Venustas (beleza) e Firmitas (solidez), que para melhor compreensão podemos também entendê-los analisando a função, a forma, e a estabilidade e durabilidade. Estes seriam então os elementos que definem uma boa obra de arquitetura ou ainda que traduzem a sua essência.
Para tratar da definição da arquitetura, dos princípios que a norteiam, resolvi buscar em citações de vários arquitetos algumas ideias que colaboram para vermos que em diferentes arquitetos e em diferentes épocas encontraremos pontos convergentes e outros nem tanto.
Mies Van der Rohe, um dos renomados arquitetos do século XX, responsável pelo International Style, dizia que “a arquitetura começa quando você junta dois tijolos com cuidado. Aí ela começa”. Isso vai de encontro a algo que há muito defendo, arquitetura não se realiza e não se consuma no projeto realizado, mas na obra realizada e utilizada. Podemos agregar aqui a definição de Artigas – “A Arquitetura é uma arte com finalidade”. Nesse ponto podemos enxergar que nem toda a obra seja arquitetura, mas sim aquela que expressa um sentimento, aquela carregada de intenções, buscando o atendimento de finalidades pré-estabelecidas que não se reduzem ao atendimento de necessidades físicas.
Conseguimos compreender melhor quando Frank Loyd Wright nos alerta: “Forma segue a função: isso tem sido mal interpretado. Deveriam ser um só, juntos numa união espiritual”. Vale ressaltar que “A forma segue a função” é um conceito cunhado por Louis Sullivan um dos pioneiros de projetos de arranha-céus da Escola de Chicago. Já o arquiteto maltês Richard England, iria defender na Bienal de Buenos Aires de 2007 que “a forma não segue a função, mas os sentimentos. Devemos ter mãos que vejam, olhos que sintam”.
Finalizo, com duas citações feitas em diferentes tempos, distantes, e das quais compartilho. A primeira de Jonh Ruskin que viveu entre 1819 e 1900 – “Não há arquitetura mais elevada que a simples”. A segunda delas dita pelo arquiteto chileno Aravena, vencedor do Pritzker 2016 – “Para mim a qualidade de uma boa arquitetura não depende tanto do talento, mas da formulação correta do problema a ser resolvido”.
Mas, vale ainda citar o grande arquiteto espanhol Gaudí – “Copiadores não colaboram”. Entenderam?